A solução do Brasil está em Jair Bolsonaro?
Stefan Zweig quando disse em 1941 que o “Brasil é o país do
futuro, e sempre será”, acabou sem querer sintetizando a história atual
brasileira. Hoje a esperança política do brasileiro luta bravamente para não
sucumbir ao desespero que lhe aflige; ou votamos em qualquer um, ou votamos no “menos
pior”. Ou seja, a situação imposta anos a fio a este país, surtiu efeito.
Nossas perspectivas hoje são tão baixas, que se algum político apenas cumprir
suas promessas de campanha, já se torna logo um ícone inatacável, como muitos
vem tratando João Dória em São Paulo. Mas deixemos Dória para outra ocasião,
meu foco aqui é alguém melhor: Jair Bolsonaro. Primeiramente, antes que haja
margem para deturpações, inquestionavelmente Jair Bolsonaro, hoje, é o ÚNICO
político que eu gastaria meu voto (sim, pois enquanto não houver alguém que me
represente, utilizarei o recurso de anular meu voto; gesto esse, repetido desde
que possuo o direito de votar); ele representa justamente essa parcela consideravelmente
alta de brasileiros desiludidos com a política nacional; isso não
quer dizer, em absoluto, que essa escolha não seja a melhor, longe disso, mas é
de fato a situação em toda a sua concretude. Mas, como nem tudo são flores, o
leitor precisa entender que - e venho dizendo isso há meses para meus
alunos de filosofia política - na situação atual do Brasil, QUALQUER UM, que se
disponha a fazer uma política honesta e que busque ajudar nossa nação
sinceramente, encontrará [no mínimo] três empecilhos: A câmara dos deputados, o
senado federal e o sistema de reeleição. Explico. No sistema presidencialista
brasileiro, sob a suposta tentativa de impedir que os políticos se perpetuem no
poder (o que o partido dos trabalhadores provou ser falho), temos aqui a "divisão dos poderes" que em grande medida devemos a Montesquieu; dito d’outro modo, o
presidente não é soberano. As mudanças propostas pelo presidente seguem o trâmite
(que pode ter variantes de acordo com o “peso” da proposta, como as que mexem
com a constituição federal) de passar pela câmara dos deputados e pelo senado
federal; ambos, absoluta e inquestionavelmente corrompidos pela propinocracia e
pelo ganho pessoal/partidário. Então o cenário que temos é de fato desanimador,
pois o presidente que busque mudanças efetivas e sólidas, teria que
negociar com corruptos para que suas propostas não sejam engavetadas ou
alteradas por interesses outros. Também teríamos que ignorar que nossos
problemas atuais demorariam MUITOS ANOS para serem resolvidos. Mas mesmo que
nós ignoremos estes fatos, que para que haja alguma mudança efetiva, levaríamos décadas, e imaginemos uma situação hipotética ideal onde tanto presidente, como
o senado federal e a câmara dos deputados, estejam alinhados para melhorar o
país, nós esbarraríamos em outro problema: a reeleição presidencial, como já dito antes. No Brasil um
presidente só pode se reeleger apenas uma vez tendo que aguardar no mínimo 4
anos para tentar uma nova candidatura; ou seja, ele pode ser presidente de maneira consecutiva, no máximo oito anos. A pergunta que faço é: e se déssemos o
azar de que nesse hiato, apareça alguém que desarrume tudo que foi organizado?
Ainda que nosso presidente retornasse quatro anos depois de seus dois mandatos,
ele levaria mais um bom tempo para arrumar a bagunça feita pelo seu antecessor e
assim manteríamos a frase de Stefan Zweig como verdade imutável.
Bom, claro que não vamos apenas fichar os problemas, pensemos em soluções. Há meu ver, só há duas
possibilidades de mudança deste nosso cenário atual: uma rápida e arriscada e outra extremamente lenta,
mas sólida. A rápida consistiria em uma revolução popular (e aqui, por favor,
não me confundam com algum comunista utópico) que retire todos os políticos e
os substitua por outros ou até mesmo por outro sistema político. Mas claro, há
incontáveis riscos neste tipo de ação, como a de cairmos na anarquia e consequente e
inevitavelmente, na oligarquia e este, com grandes chances de se tornar uma
tirania. No entanto, há a opção sólida e demorada que consiste (como o
professor Olavo de Carvalho vem dizendo há anos) no restabelecimento da alta
cultura no Brasil; ou seja, se começássemos agora e não parássemos o processo,
teríamos em duas gerações já um embrião de sociedade ideal que não se
contentaria com qualquer esmola e nem seria tão demente de acreditar em uma
democracia egoísta que só visa resultados de no máximo dez anos e ignora todas
as gerações passadas e vindouras.
Concluo afirmando categoricamente, nem Jair Bolsonaro (nem
qualquer outro político bem-intencionados e/ou honestos), neste sistema atual,
conseguiria fazer absolutamente nada; nossa sociedade brasileira de hoje, tem
um câncer extremamente enraizado chamado CORRUPÇÃO, para extirpá-lo, um corte
profundo e doloroso deverá ser feito, em minha modesta opinião, fazer essa
cirurgia rapidamente poderá deixar cicatrizes perpétuas sob o risco de sequer
resolver o problema. Parafraseando Russell Kirk, se desejamos resultados
efetivos e sólidos, devemos realizar a cirurgia com calma e paciência.
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